terça-feira, 7 de abril de 2009

QUEM FOI POBRE ENTENDE ADRIANO

Hoje li nos jornais que esse Adriano, esse fenomenal jogador, vem curtindo uma doce nostalgia. Diz a imprensa que ele está deprimido para justificar a busca do seu refúgio na favela. Diz ele que nasce e ficou até a adolescencência na favela e que amo muito o seu lugar de menino pobre. Quem nasceu entre os pobres; cresceu profissionalmente e transformou-senum ser de classe média ou pessoa rica, vai entender perfeitamente o que ele está passando. Num mundo cruel, de aparência e de faz de conta, ser transparente, sensível e humano tornou-se algo herético. A onda é disfarçar a tristeza e o jeito insosso de ser classe média. Adriano demonstrou ser uma pessoa altamente humana e que não perdeu o seu jeito de ser menino simples. A vida seria mais prazeirosa se tivessemos coragem de assumir a nossa própria couraça. Sei o que ele está passando e sentindo. Quem nasceu menina pobre sabe o que é brincar na terra, compartilhar a carne de segunda com os vizinhos, ri e chorar junto. Na favela ou na periferia, tirando a miséria da localidade, a vida é vivida com intensidade e alegria. Na favela as dificuldades de ser cidade favelado e ou periférico, jamais tira da alma dessa gente a vontade de viver. Chegar na casa de um favelado é encontrar sempre uma panela pronta para ser servida ou tomar aquele deliciosa café feito na hora e com alegria. Na favela não se marca horário e agenda os encontros. Na favela pessoa é sempre benvinda nas casas, nos barracos e nos morros. Todos se conhecem. Na favela, eu sei quem é o meu vizinho. Lá se identifica pelo nome. Temos nomes. Na favela todos se alegram com a vitória do vizinho. Sei o que Adriano está sentido. A vida árida, tediosa e de aparência da classe média e rica é tão vil que a infância pobre será uma eterna lembrança dos bons tempos da solidariedade, da brincadeira criativa e do sorriso constante de cada pessoa que nos avizinha. Lá o sorriso é de graça. Não se paga 120 reais para sorrir num show programado. Lá espontaneidade é natural e o sorriso é constante.