terça-feira, 17 de março de 2009

MENTE URBANÓIDE GERA ESTE ESTRANHO SER MOTORISTA

Sou destes motoristas que alcancei o sucesso profissional e comprei um carro-poluidor para contemplá-lo, enquanto enfrento o caótico congestionamento. Gosto muito do meu carro! Vejo todos os detalhes internos. Gosto mesmo é de olhar para a velocidade máxima que ele pode chegar. Fico, ao mesmo tempo, olhando para aquele número (220 quilômetros) e para aquela fila imensa de carros enfileirados. Fico pensando como alcançar aquela velocidade nos centros urbanos, sabendo-se que milhares de carros andam em fila militar, numa velocidade máxima de 60km. Penso o que fazer com os outros 160 quilômetros. Tenho um carro animal, possante e poderoso mas que diante do congestionamento anda melancolicamente a passos de tartaruga. Pelo menos este poderoso objeto, veloz, serve para uma exibição pública diante dos demais carros. Carro possante só serve para isto. Tudo bem! decepção à parte! Outra coisa que gosto de contemplar são as frases de cunho ambiental. "Ecosport", "Preserve a natureza" e tantos outros. Legal vê-las em carros esportivos, soltando fumaças escuras. Penso como um motorista tem a cara de pau de colocar no seu objeto móvel poluídor, uma frase de suposta consciência ecológica. Os especialistas sobre o meio ambiente têm dito que o carro é um dos grandes vilões do processo de destruição da natureza. E é verdade! Aqui em Brasília, impera-se a ditadura do automóvel. Congestionou-se? Derruba-se árvores; destrói-se calçadas, campos de futebol, pracinhas, tudo para satisfazer a vontade do senhor de quatros rodas. Os carros são os senhores dos senhores. Estacionam nas calçadas e nos gramados, sem deixar os seus donos constrangidos. Onde houver um cantinho, não importa as consequências ambientas, vale colocá-lo. Ningúem pode detê-lo. Se deixa até em frente às residências particulares ou em pátios de creches e escolas. Ele tem completa prioridade sobre a vida humana e o meio ambiente. Tanto é verdade que matar alguém com um automóvel é um negócio altamente compensador e certo da impunidade. Sabe-se que no Brasil mata mais com o carro do que armas letais. Pena que a grande mídia insiste em esconder estes dados. Enfim, enquanto prevalecer o ser motorista embrutecidos e desligado da consciência ambiental, haverá mortes de inocentes e destruição total da natureza. Precisamos retomar a nossa condição de ser humano, pois a condição de ser motorista está nos levando, irremediavelmente, a uma destruição do planeta e da espécie. Enquanto eu poluio vou correndo na loja comprar um adesivo: "salve a floresta amazônica.