segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

A RUA É INSUBSTITUÍVEL

Bons tempos em que andávamos usando os nossos pés! Quando se adquire um carro, as coisas mudam. Deixamos de contemplar! Perdemos o olhar da diversidade cotidiana. Hoje miramos apenas num olhar, semelhante aos dos cavalos com viseira.
O carro é nos leva rápido(?). Kkkkkkk! O carro é conforto. É status e até serve como viagra para alguns machos. Há homens que apóiam a sua masculinidade num objeto de 4 rodas. Alguns se sentem mais machos. Tirando-lhes o carro volta-se ao anonimato. O carro tornou-se passaporte social, afetivo e sexual.
Relutei muito em aprender dirigir. Gostava de andar, caminhar e olhar para os pequenos detalhes que ser perdem ao transformar-se num motorista.
Do ser pedestre ao ser motorista, as coisas mudam bruscamente. O pedestre é uma pessoa que caminha, além de exercitar o seu corpo, tem a mente em plena atividade nos olhares que o cercam. Já o motorista, só enxerga outros automóveis ou semafóros. O motorista é um ser que perde as pernas ao ser substituídas pelas rodas.
Lembro-me, certa vez, quando resolvi ficar sem automóvel. Foi um escândalo que suscitou curiosidade. Afinal, quando você se encontra num alto patamar socia e, economicamente, na condição de privilegiado e diferenciado, torna-se herético falar aos seus amigos que você não tem muito afeição por automóvel.
Sendo classe média, a sua opção soa como alguém que ficou louco. Andar de automóvel, mesmo circudando sem direção e rumo, é uma marca determinante para este estrato social.
O carro é o cartão de visita. O carro substitui o caráter das pessoas. Com o carro não se questiona a ética da pessoa. O carro é o senhor absoluto que tem direito até a transgressão. Carro sobrepõe-se aos direitos fundamentais dos seres humanos.
O carro é o objeto de fetiche, de desejo e de impunidade. Com o carro leva-se vantagem até nos delitos que se comete através dele. Matar com carro é algo muito mais vantajoso para quem deseja matar alguém. Basta tomar uma dose de bebida alcoólica e dirigir. Pronto! se acertar alguém, no máximo a pena implica numa punição leva e estimuladora, através de uma doação de cesta básica.
Perdemos a noção do ser humano, do ser cidadão e do ser solidário. O carro é o senhor supremo da vida urbana. Ele impõe a destruição de calçadas, de árvores, de parques e campos esportivos. O carro destrói tudo e transforma o espaço público num grande estacionamento.
Se necessário for, tira-se a calçada ou a árvore para dar lugar e conforto totêmico.
O carro tira a consciência e gera na pessoa um comportamento constantemente contraditório. Vejo amigos e amigas que condenam o fumo, a destruição das florestas, mas esquecem que seus automóveis são um dos maiores poluidores do Planeta. É o velho adágio: "O sujo falando do mal lavado".
Bons tempos que caminhávamos e o caminho nos supreendia. O caminho do pedestre é imprevisível e surpreendente. Podemos passar várias vezes no mesmo lugar, certamente encontraremos alguém diferente.
Já o automóvel nada nos traz de novo quando se usa o mesmo percurso mesma via. Tudo se repete. Nos dois lados, dos nossos rápidos olhares, só se enxerga automóvel.
O carro é conforto. É substituição das pernas. Esquecemos que essa comodidade tem um custo fisiológico, psicológico e físico. O carro nos obriga a programar a vida, até nas coisas mais simples. O carro é agendamento. Programa-se para rir, exercitar o corpo e encontrar-se com amigo.
Afinal, tudo na vida tem um preço. A vida aí posta, nos impõe escolhas maniqueístas. Ou andamos de carro ou arriscamos nossas vidas na condição de pedestre ou ciclistas.
O preço da comodidade é o alto gasto financeiro que dispomos nas academias ou nos inúmeros remédios que cumpre o papel ideológico de estimular o riso, a circulação sanguínea e o cérebro desumanizado.
Viva os bons tempos que usávamos as pernas e nos encontros e desencontros com outros pessoas trazíamos, via de regra, a novidade.
Vou andar, antes que acabem com o restinho das estreitas calçadas que ainda existem nos grandes centros urbanos e, felizmente desconhecidos pelos motoristas.
O predador do presente chama-se automóvel. Mesmo matando mais do que as balas nos centros urbanos, continua venerando e santificado pelos pagãos e religiosos.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

A SIMPLICIDADE É PASSAPORTE PARA UMA BOA ACOLHIDA SOCIAL

A vida capitalista tem o seu percuso natural de segregação social. Faz parte da natureza capitalista transformar os seres humanos em coisa etiquetadas. As pessoas são selecionadas por afinidade econômica, racial e religiosa. As pessoas agem conforme a identidade social. Somos solidários de forma seletiva.
A experiência das enchentes em Santa Catarina é bom exemplo de solidária eletiva e seletiva. Nunca dantes vi algo tão semelhante em termos de solidariedade. Barracos de pobres frequentemente são atingidos com maior proporção catastrófica e nunca tiveram a mesma acolhida em termos de reconstrução. Crianças e adolescentes são exploradas sexualmente; trabalhadores escravizados em lavouras. Nunca vi essa mesma comoção nacional prestando a mesma solidariedade a outras pessoas negras, pobres e índios que sofrem todas as formas de violação aos seus direitos humanos e também, as intempéries da natureza.
Aliás, provavelmente algumas dessas pessoas que se comoveram e contribuiram para a reconstrução das cidades turísticas de Santa Catarina são pessoas indiferentes a outros tipos de catastrófe social.
Tal exemplo é apenas para mostrar que vivemos num ambiente capitalista que determina como devemos agir e de que forma vamos acolher as pessoas. O acolhimento, o choro e a sensibilidade devem ater-se apenas aos nossos semelhantes racial, social e econômico.
O Capitalismo transformou tudo em condomínio existencial. A rotina é a soberba, a indiferença e o individualismo. A rotina e a ostentação. O lazer capitalista é exercer a humilhação contra os mais pobres.
No modo capitalista de ser, grande parte dos seus discípulos tem o prazer de humilhar a empregada doméstica, o zelador, o porteiro.
No modo capitalista de ser, essas pessoas são invisíveis até mesmo dentro das casas, condomínios e fazendas.
A ordem ontológica capitalista é apresentar-se ao mundo através de etiquetas. A ordem capitalista ,transforma seus idiotizados em outdoor ambulantes.
O barato é ter algo! o barato é sangrar a alma e o corpo até alcançar o objeto desejado. O barato é isolar dos feios, dos rostos surrados nas lavouras e nos canaviais. O barato é apoiar a higienização social e criar lugares próprios para pessoas iguais a nós.
Ser humilde é transgredir o sistema!
Já... já aparecerá um parlamentar, devoto do capitalismo, para propor uma proposição no sentido de punir as pessoas realizados profissional e economicamente que optam por uma vida humilde e discreta.
Corre-se o risco de criminalizar e demonizar a humildade como se fez com ócio no passado recente.
Vivamos a simplicidade, mesmo morando bem e tendo bons e cobiçados objetos.
A simplicidade é o caminho para superarmos o medo, o preconceito e as esquizofrênias da alma egoísta.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

MORTE: UMA QUESTÃO MERAMENTE CULTURAL

Ator belga morre após recorrer à eutanásia

"Sou um homem feliz, vivo em uma época e em um lugar onde posso determinar meu próprio final e pôr fim a um sofrimento em vão". (Carls Ridders)
CARLS RIDDERS quebrou o mito do horror que se tem diante da morte. Horror este construído pela simbologia do inferno de Dante adotada pela tirania religiosa. Morre de forma digna e convicto de que a vida humana inexoravelmente tem dois caminhos: a velhice ou a morte. Contra isso não adianta brincar de Cocoon ou de Peter Pan; da busca inútil da fonte da juventude. Ter consciência da morte é ter consciência da nossa própria limitação humana. A morte é um freio a nossa arrogância e ostentação.
Carls Ridders era ator e diretor do teatro Holandês. Sofria de doença neuromuscular. Morreu neste domingo(8/12), após recorrer a eutanásia. Morreu num País onde a liberdade individual da escolha de viver ou morrer está nas mãos do próprio ser humano. Morreu num Pais onde a consciência do próprio ser humano é a sua própria regra e o seu limite.
Morreu num País onde o espírito laico é fator determinante da manutenção da coesão social e da diversidade humana.
Que o espírito de Carls Ridders esteja sempre na vida de homens e mulheres que comprovadamente não têm temor diante da morte. Via de regra, são homens e mulheres desprovidos de egoísmo, individualismo predatório e ostentação social.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

SOLIDARIEDADE ESTÉTICA!

O Brasil assiste perplexo a catastrofe em Santa Catarina. É uma catastrofe anunciada e prevista. A natureza não é má, perversa e sem ética. A natureza sempre esteve no seu lugar. Os meus ancestrais sempre tiveram respeito pela natureza. Na África Pré-colonizada os povos sempre procuraram respeitar a força da naturezaE sabiamr reconhecer os seus limites de seres humanos.
Já na tradição Européia, a lógica era dominar ao máximo natureza. Desprezou-se os aprendizados dos povos milenares e imposuram a razão iluminista e calvinista, além da técnica e conhecimento mercantil. As culturas africanas e índigenas foram substimadas, folclorizadas e primitivilizadas.
A moda era adotar a técnica e o conhecimento europeu. A ordem era devastar, trazendo os Bandeirantes para eliminar tudo que estivessem em seus caminhos. A ordem era trazer o progresso técnico e humano às custas da expropriação das terras indigenas.
Chegou-se o progresso! Chegaram os europeus com a arrogância civilizatória. Dominaram os índíos e negros e inultimente a natureza. Logram êxito através da escravidão. Iam caminhando, achando-se imunes a qualquer reação.
A natureza reagiu e vidas estão sucumbindo sobre os escombros dos seus apetites acumulacionistas.
Na tragédia de Santa Catarina deveria-se tirar lições para as futuras gerações. Ensiná-las que o nosso poder bélico, econômico, intelectual jamais sobreporão a força da natureza.
Como bem disse o velho Marx: "Tudo que é sólido desmancha no ar". A arrogância do nosso jeito de ser Ocidental nos levará ao abismo existencial e ambiental.
Temos que ter solidariedade! Contudo, não podemos nos perder no auto exame das nossas atitudes. Urge fazermos uma revisão ética das nossas posturas civilizatórias.
Inútil será a nossa tentativa de querer domar a natureza na sua plenitude. Inútil será a nossa ânsia em destruir cada árvore, cada animal, cada índio.
Santa Catarina é uma alerta. Santa Catarina é um prenúncio de um futuro tenebroso. Ou cuidemos da natureza ou todos nós cairemos na mesma vala entupida pelos nossos entulhos consumistas e individualistas.
Feliz é Santa Catarina que recebe uma solidariedade nunca dantes vista na vida e no sofrimento dos favelados que continuamente perdem suas moradias em tempos de fortes chuva.
Feliz é Santa Catarina que tem um povo seletivo e europeu que em tempos de tragédia consegue comover a nação.
Enquanto salvemos aqueles irmãos, outros irmãos morrem de fome, nas palafitas, nas periférias e de bala perdida, sem qualquer direito a receber solidariedade deste mesmo povo que chora pelos Catarinenses.
A dor do favelado jamais chegará aos ouvidos destes mesmos solidários. Afinal, quem tem tem culpa por nascer negro, rostos feios e sem estética.
A favela é feia. Camboriú ou Ilhota é belo e turístico.
Viva a solidariedade nacional que se expressa somente em função da cor e da origem européia.
Viva a solidariedade seletiva e segregacionistas.
Salvemos Santa Catarina e Ignoremos outros sofredores deste Brasil dos contrastes sociais e raciais!

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

CORPO SARADO, OUVIDO ESTOURADO!

Nas caminhadas mecânicas e cadenciadas feitas costumeiramente no parque deparei-me co m um aviso: "Venha participar da temática qualidade de vida. Terá dança, ginástica, yoga, massagem, etc." O que se oferecia era momento de lazer para dá sensaçao de qualidade de vida.
Contudo, não bastasse as faixas, estava lá uma palco montado, com um som altamente estridente.
O som era alto e audível equidistantemente. Tocava-se nos mais altos decibéis. Comecei a pensar o quanto somos automatos e seres ipensáveis. Enquanto malhamos os nossos corpos nas academias e parques semanais, o som invade os nossos ouvidos. Cuidamos do corpo, do físico e da estética corporal sem se dar conta dos nossos ouvidos.
Ficamos minutos andando, dançando ou caminhando sob a batuta de uma música que serve para nos instigar e animar. Enquanto se arregaça o som nos ouvidos, os corpos balanços e movimentos numa esteira circudante.
Assim é o ser do presente, um ser que busca a satisfaçao física e estética sem pensar no espírito e na alma.
O Corpo balança. Estoura-se os tímpanos e continua-se a mesma coisa: seres humanos cansados de si próprios que busca noc onsumo a pretensa felicidade existencial.
Chega que vou malhar o meu corpo e usar aparelho da telrex para proteger-me da desconexa música tocada nos parques ou nas academias.
Vou ficar malhado e sarado desfilando-me com um aparelho para surdez.
Isto que é ser chic no mundo de tesão artificializado.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

SALVE... SALVE ZUMBI DOS PALMARES!!!!

Zumbi dos Palmares! Guerreiro teimoso, trabalhadoso e corajoso. Incomodou o sistema. Veio as forças armadas do Império o aniquilou. Aniquilou o sonho de um País mais justo e solidário. Na República de Palmares todos eram bem recebidos. Não havia distinção entre negros fugitivos e brancos pobres. Todos foram acolhidos por esse grande guerrreiro que brotou no seio dessa gente escrava resistente e indolente. Zumbi foi a representação dos negros da Senzalas. Diferente dos negros que serviam e lambiam as facões dos seus amos nas cozinhas, os negros da Senzala e dos canaviais eram conscientes e cientes da sua condição de escravo. Os negros que limpavam as fezes e urinas dos seus amos nos palacetes, eram negros que achavam nos seus amos algo de bondoso. Os negros da senzala queria igualdade. Os negros da cozinha e dos banheiros dos casarões se contentavam com as migalhas e sobras das fartas mesas dos senhores escrovocratas.
Dito isto, é fácil entender o por quê de encontrarmos negros que são contra o sistema de cotas e políticas afirmativas e se aliaram aos brancos que outrora foram os seus amos.
Muitos deles andam de mãos dados com a turma escravocrata moderno travestida no movimento "Cansei". São negros que conseguem achar nas familias escravocratas algo de bom. São negros são capazes de morrer pelos descendentes de senhores escravocratas. São negros que certamente participaram do Partido conservador do escritor José de Alencar que se insurgiram contra abolição da escravidão.
Há negros que conseguem enxergar na Polícia um ser amigo e compreensivo nos seus atos.
Há negros que conseguem se aliar a intelectuais racistas e fascistas das principais academias brasileiras.
Há negros que acredita que não existe raça e que todos somos irmãos de uma mesma ordem mistíca.
Há negros que conseguem comungar com uma cristandade que foi cúmplice da escravidão. Há negros que veneram um deus criado pelos brancos que se chama Jeová e Yavé e outros adjetivos judaícos.
Há negros que acreditam que a religiosidade de outros negros é uma religiosidade demoníaca e folclórica.
Há negros que viraram ricos e transformaram-se em marionetes dos brancos.
Há negros que acreditam que o nosso problema é meramente de ordem social que vencido esta etapa, superamos o preconceito.
Há negros dessa estirpe que só toma consciência da sua fantasia histórica quando se depara com a polícia e verás que será tratado sem diferença de ser negro oriundo das cozinhas dos senhores escravocratas ou daquele que nasceu, viveu e morreu nos canavias e senzalas.
Esse negro capacho, subalterno de brancos escravocratas certamente esqueceu que quando foi arrancado ou vendido da África embarcou no mesmo navio dos demais negros.
Só falta esses negros, moldurados pelo mito da democracia ou da cordialidade racial, pensar que o navio que os trouxeram para o Brasil era um navio semelhante aos modernos e luxuosos transatlânticos de turismo.
Viva Zumbi dos Palmares que nos impediu de sermos um negros alienantes, animadores ou puxadores de carros alegóricos. Ou negros que se prestam ao papel de figuras exóticas para animarem a depressão dos brancos e ricos escravocratas.
Zumbi dos Palmares nos libertou das armadilhas do discurso midiático, dos livros didáticos e das histórias contadas por José Alencar, Nina Rodrigues e tantos outros intelectuais escravocráticos.
Viva Zumbi dos Palmares que nos deu força para superarmos a nossa condição, sem os privilégios do Estado imperial e Repúblicano. Zumbi dos Palmares nos faz lembrar de que o progresso dos euro-brasileiros foi patrocinado pelo Estado, através de sistema cotas configuradas nos sistemas de capitanias hereditárias e políticas de subvenções, perdão e isenção fiscal e distribuições de terras e lotes para os imigrantes europeus, sem lhes exigir os quesitos mérito e competência.
Zumbi dos Palmares nos deu consciência de que a competência e o sucesso dos brancos originou-se da política estatal do tráfico de influência e de forte políticas públicas de incentivo ao embranquecimento cultural.
VIVA ZUMBI DOS PALMARES QUE RENASCEU DAS CINZAS HISTÓRICAS PARA DESMACARMOS A DEFECTÍVEL, IGNÓBIL E ABJETA SENHORA ISABEL QUE UM DIA SERÁ, EM DEFINITIVO, DEFENESTRADA DA NOSSA CONSCIÊNCIA NEGRA!

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

A DURA TAREFA DE RETOMAR AS PERNAS E CORPO DESGORDURADO!

Resolvi conhecer uma dessas academias de ginásticas na cidade de Brasília. A moça com seu charme e solícita, tratou de mostrar as dependências. Lá fui eu caminhando para conhecer as maravilhas que buscam consertar os corpos deformados pelo conforto da modernidade.Andei! andei! com os olhos fitados olhando para cada aparelho que me prometia maravilhas em termos de eliminação de gorduras no corpo, adquiridas ao longo da minha transformacão de ser pedestre a ser motorista.
Nos tempos de pedestre se andava, ora obrigatoriamente ora espontaneamente. Na vida de motorista se anda tão somente de carro até para ir no vizinho do lado.Estou na estrada motorizado a um bom tempo e me dei conta que, com aquisição do possante carro, também tive que adquirir os acessórios: remédios, caminhadas programadas e alimentacão balanceada.
O carro me propiciou a ir rotineiramente ao nutricionista, endocrinológista e outros logisticas da saúde.
O carro me leva mais rápido do que as pernas e os velhos e lotados ônibus urbanos.
O carro me deu status, charme e fiquei até mais simpatico na fita. O Carro funciona como um viadra e entrada dialogal.
Entretanto, fui percebendo que na vida tudo fazemos na na vida, tem retorno e, as vezes, um alta e dispendiosa fatura.
Depois de longos tempos dirigindo com uma visera, sem olhar e contemplar ao meu redor, descobri que no final das contas sou obrigado a procurar uma academia para recuperar o meu peso, as minhas pernas e os meus organismos que foram suprimidos pelo carro.
O carro me propiciona conforto. Em troca, apropria do meu corpo, do meu andar, do meu compartilhar. O carro me transforma num ser individualista, embrutecido e mecanizado.
Quando se descobre tudo isto, aí damos conta que o corpo está a beira de um colapso fisiológico, psicológico e anatômico.
A ordem médica, cúmplice dessa mediocridade existencial nos alerta que temos que fazer alguma atividade física.
Começa-se o espetáculo em busca do velho corpo:
- anda-se numa esteira que não leva o andante mecanizado a lugar algum;
Nada-se numa piscina, num indo e vindo, semellhante a pista de formula 1.
Tudo isto também obedece a mesma lógica da modernidade, ou seja andar em serial killer, sem sorriso, alma e espírito.
Viva o carro que me transformou num ser robótico, tanto no carro quanto na academia de ginástica.
Viva a estupidez mediana que transformou o carro num fetiche e a academia, num túnel do tempo, onde se busca recuperar um corpo do passado, tomado por estria, celulite e gordurinhas sobressalentes.
Vou a academia para curar a agonia das gorduras produzidas pelo automóvel e pela glutonaria do cadenciado final de semana.
O Negócio é malhar, malhar!!!!
andar numa esteira e numa bicicleta que não precisa de ciclovia.
Fui Malhar de debochar de mim mesmo!!!!!!!!!!!!!!!!@@@@@@@@@@@@@@@@@@

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

CORPOS CADENCIADOS E MOTORIZADOS!

Quando tenho tempo, gosto de ir num desses parques que ficam estão nos centros urbanos. O modelito é sempre o mesmo: uma pista de cooper, algumas quadras e umas arvorezinhas para compensar o desmatamento que dá lugar aos carros, pistas e concretos armados.
É muito legal andar nestes lugares! Gosto de observar as caminhadas e as corridas. Aqui em Brasília, a coisa é mais surrealista. Aliás, Brasília é uma cidade onde impera a idéia de "cada um prá si". Aqui não existe interação natural e espontânea. Não existe o imprevisto ou acaso. Tudo é programado e planejado, inclusive o lazer, a caminhada, o riso, o choro e o contemplar. Aqui, tudo é determinado pela lei da previsibilidade. Tudo se repete num cenário de prédios disfuncionais e desumanos.
Contudo, é legal aventurar-se num parque público. O cenário é o mesmo: todos chegam de carros. Aqui andar a pé é coisa de indigente, pobre o trabalhador de periferia. O chique é andar de carro e desfilar para os demais carros. Andar de carro dar tesão e alucinação.
Andar a pé só se for em caminhadas programadas. para isto, faz-se necessário comprar uma indumentária, tais como um short azul e tênis branco. O tênis não pode ser sujo ou surrado! Tem que está límpido, com uma etiqueta retumbante para mostrar os corpos disciplinados, ora lightizados ou dietizados.
O andar é cadenciado e emudecidos. Aqui se tentar verbalizar um "bom-dia" a outrem ou uma "boa-tarde" está sujeito a ser classificado de doido ou herege. Bom dia em Brasília significa invasão de privacidade. O bom-dia é algo enfadonho e inconveniente. Se quiseres sorrir ou emitir alguma voz. faz-se necessário combinar um grupo de afinidade com bastante antecedência.
Adoro observar os semblantes. Em pleno fim de semana, as caras continuam carrancudas, preconceituosas e etiquetadas. Cada um busca mostrar o seu figurino esportivo.
O parque urbano tem destas coisas. O parque urbano é o parque do encontro do indíviduo com a pista, sua roupa e seu o caminhar, outrora perdido dentro dos carros.
Tempo bom foi aquele que andavámos sem ser cronometrados. Tempo bom é aquele que tínhamos as pernas para deslocarmos sem ter que se preocupar com flanelinhas, pedágio, estacionamento.
O pneu substituiu a nossa perna durante a semana e só nos devolve no final de semana quando precisa-se queimar algumas gorduras nos corpos resultado da "carrolatria".

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

OBAMA GANHOU! QUAL A SUA COR?

É sempre assim: quando um negro assume uma posiçao social, os brancos tentam desqualificar a sua cor dizendo-lhe vários frases, tais como: "não te vejo negro"; "você não é negro genuíno, puro"; você é... marron, chocolate, café com leite"etc.....etc... Para essas pessoas brancas costumo lhes retrucar dizendo: é fácil saber quando sou negro. Basta um negro trabalhar em empregos subvalorizados: porteiro, faxineiro, zelador, lavador de carros, todos o verão inquestionavelmente como um ser negro. Se, esse mesmo negro, alcançar um posto profissional de destaque, aí os brancos soltam as suas línguas racistas dizendo que não os ver na condiçao de negro.
A sociedade racista sempre age desta maneira. De acordo com a condiçao social do negro, ela classifica e reclassifica este negro, na tentativa de eliminar a sua consciência histórica e racial. Começam a dizer para esquecer essa história de escravidão e de política afirmativa.
É interessante que essa mesma gente não pedem para os judeus esquecerem a sua história do holocausto. Os brancos ficam irritados com a nossa afirmaçao de orgulho negro. Eles ficam incomodados diante de um negro que tem o mesmo padrão econômico. Ficam incomodados diante de um negro morando no mesmo bairro e tendo os seus filhos estudando na mesma escola particular.
Argumentam que somos todos misturados, mas escondem no mesmo discurso que a origem desta mistura foi estupro e a violência sexual intentada contra as nossas mulheres.
Por isto insistem em desclassificar o Obama e tantos outros negros ilustres no Brasil e mundo contemporâneo. Até um pastor escrote e protestante, diretor da Klu Klus Kan disse que que Obama é meio negro. É por isto que o cristianismo é uma religiosidade meia-verdade quando buscamos conhecer a sua história omitida nos púlpitos.
Se os brancos têm a dificuldade de checar quem é negro ou quem é branco? sugiro tirar um dia da semana para passear com os policiais. Vão aprender, rapidinho, quem é negro ou branco ao deparar com as batidas polciais ou na capitura de um negro acusado.
Aos brancos em crise com a nossa cor, lhes indagamos:
a polícia entrará num bairro xique com todo aquele aparato de rambo e bope da polícia para prender um marginal que uso Giorge Armani e terno importado? Usará a força para arrombar a porta de uma marginalzinho que trafica numa região nobre?
Se você tem dificuldade para classificar quem é negro ou quem branc, pergunte a Polícia, ao Judiciário e a Mídia. Veja como esses poderes tratam os negros e brancos.
Os brancos mais cinicos chegam a dizer que o nosso problema não é de cor e sim social. Pergunte ao um negro de classe média ou alta se a superação econômica lhe propiciou a superação racial.
Pergunte quantas vezes um negro com seu carro já foi parado numa blitz e depois compare com um branco.
Se tiveres dúvida se Obama é negro ou não, façamos um exercício mental, imaginando Obama, trabalhando como copeiro, cortador de grama, engraxate, motorista de seus filhos. Como você classificaria Obama exercendo estas profissões que a maioria dos brancos não querem para os seus filhos e suas filhas.
Qual a cor da nossa pele? pergunte a sua mente racista e escravocrata. Procure a origem da sua família e verifique em que lado estava esses seus ancestrais.
Viu?! como é fácil saber quem é negro ou quem é branco.
Ainda tá em dúvida? Vai fazer uma caminhada no parque e imagine se outros Obamas anônimos caminhando perto de você. Como reagiria o seu espírito de branco escravocrata? Daria um sorriso, um bom dia ou tratava de acelerar os seus passos ou segurar a mão esquerda para defender o seu relógio importado do Paraguai ou nas Avenidas decantes deNova Iorque ou Paris?
Ainda tem dúvida da negritude de OBama e negros de classe média.?
Recomendo-lhe ler Cartas em Favor da Escravidão de José Alencar ou A Sociologia do Negro Brasileiro de Clóvis Moura.
Como bem disse o Cristo dos brancos: "quem tem ouvido, ouça".

terça-feira, 4 de novembro de 2008

HAMILTON - O ORGULHO DA COMUNIDADE NEGRA INTERNACIONAL

Não assisti a corrida por não suportar a voz de Galvão Bueno com a sua linguagem eivada de patriotismo brega e sem sentido no atual mundo da globalização. Afinal, patriotismo e nacionalismo tornaram-se discursos fora de moda. Preferi desligar a TV e fazer algo mais criativo. Contudo, no dia seguinte fiquei sabendo da conquista de Hamilton ao segundo título da Formula 1. Ao assistir os jornais empresarias da Tv, observar a falta de educação e respeito por parte da elite que foi á corrida contra a pessoa de Hamilton.
Aliás, essa elite nunca nos surpreendeu. É uma elite mal-educado, kitsch, brega, truculenta, sem cérebro e sem senso de rídiculo. Seus filhos costumam ser presos no exterior pelos seus delitos. É uma elite idiota que posa de civilizada no Brasil, mas lá fora ninguém gosta dela. Somos difamados lá fora por conta desta elite esquizofrênica e imbecibilizada.
Comporta-se como os seus ancestrais que por aqui invadiu as terras indígenas. É uma elite que esforça-se para ter etiqueta como forma de esconder a sua mediocridade.
As vaias intentadas contra Hamilton foram vaias de permeadas de racismo e preconceito. São vaias raivosas de quem um dia escravizou o negro e teve que engolir a vitória de negro sobre os seus comparsas de raça. É duro ter que engolir a saliva quando depara com a vitoria de um negro.
Sei o que é isto! Sou filho de escravo que venci na vida sem ter direito a terras generosas dadas aos imigrantes decantes europeus que aportaram por aqui na década de 20 do século passado. Sou filho de escravo que venci na vida sem ter direito a subsídio, subvenção e tantos outros artifícios fiscais dados aos empresários euro-brasileiros.
É duro assisti um negro ganhando o troféu da formula 1 num lugar que os brancos predominam.
As vaias da elitizinha ecoadas no autódromo em SP são vaias de uma elite ressentida, incompetente e boçal que construiu Pais com o sangue dos índios e negros e nunca conseguiram chegar a lugar nenhum no plano interncional.
Graças a essa elite que passamos vergonha na Europa quando nos indagam sobre os por quês do racismo, a desigualdade social e o desmatamento da amazônia.
Sempre que chego na Europa procura dizer que tudo que falam do pais de forma negativa condiz com a verdade.
Digo às pessoas que num país onde tivemos na primeira geração de invasores, a presença de portugueses delinquentes e na segunda, imigrantes europeus decadentes e flagelados pela grande depressão de 29, não poderiam esperar que tivéssemos uma elite refinada, culta e humanista.
A elite brasileira, mais uma vez, se manifestou na autódromo o seu lado habitual e recorrente de gentes ignóbeis e ridículas que continuam a dominar no Legislativo, Judiciário e Executivo, mesmo com Lula no Poder.
Não sou patriótico! Sou negão, consciente da história e da mediocridade existencial e ontológica dessa coisa aí do andar de cima, chamada elite.
VIVA HAMILTON E LEVA O ABRAÇO DOS NEGROS CONSCIÊNTES E PAN-NACIONALISTAS!

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

SEMELHANÇA ENTRE FAMÍLIA TRADICIONAL DO MUNICÍPIO COM TRAFICANTE DE MORRO CARIOCA

Estive recentemente no município de Góias, chamado pejorativamente de Goiás Velho. O lugar é cinematográfico, introspectivo e bucólico. Resisto em ser mais um turista oficial, uniformizado e teleguiado. Fui a todos os lugares turísticos da cidade, mas gosto de fazer uma pausa para conversar com as pessoas da cidade que costumam ter histórias e relatos fascinantes que, via de regra, não constam nos folhetinhos de agências de turismo. Chamou-me a atenção a história de uma pedra em Serra Dourada que foi derrubada nos anos 60. Fiquei atento as palavras das pessoas. São pessoas desconfidadas e amendrontadas em dizer a verdade da cidade que é dominada por famílias tradicionais. São reféns da truculência e violência dessas famílias que costumeiramente agem acima da lei. Ir no interior de alguns Estados Brasileiros me lembra muito os chefes do tráfico dos morros cariocas.
Ouvindo a história da pedra derrubada tomei ciência que os vândalos eram filhos de famílias tradicionais da região. Ao ouvir atentamente reportei-me ao tempo da colonização para entender essa gente que chamamos de elite.
Comecei a pensar que tipo de gente que vieram para o Brasil com intuito de roubar, pilhar, matar ou eufemisticamente desbravar. No fundo a elite formada é oriunda dos primeiros miliantes da colonização, acasalando-se com os imigrantes europeus fracassados na depressão de 1929. Conclui que é de esperar que tenhamos uma elite depredatora, kitsch e brega. Nossa elite é uma elite pior do que os traficantes do morro. Nas cidades pequenas, no interior do Brasil, ela manda no prefeito, na polícia e até no Judiciário. Todos são obrigados a bajulá-los.
Confesso que essa postura coronelista vem mudando aos poucos, graças a força mobilizadora da sociedade e da mídia.
Contudo, ouvindo os depoimentos daquelas pessoas humildes e trabalhadores percebi que há grande semelhança com os moradores dos morros carioca. Se falarem demais certamente será punido pela família tradicional da localidade. A família tradicional é a lei, a religiáo, a ordem e a desordem da cidade. Todos são forçadas a referenciá-las. Opor-se as famílias tradicional é condenar-se ao ostracismo e revanchismo. Todas as portas serão fechadas para o delator por ordem dessas famílias.
Enfim, o município de Goiás é paradisiaco e trans-terrestre. Pena que sua população local é prisioneira do olhar repressivo das famílias tradicionais.
O orgulho de ter Cora Coralina como moradora ilustre da cidade não esconde a vergonha, o medo e olhar cabisbaixo da população que é obrigada sufocar a sua indignação contra os playboys vandalos da pedra de Serra Dourada, sob pena de sofrer sancões que desafiam até os direitos humanos modernos.
Viva Município de Goiás! Viva o seu povo humildade, sofredor e trabalhador que consegue sorrir para os turistas mesmo vivendo debaixo da opressão por parte das familias tradicionais.
Vou indo, mas sentindo muita saudade do município de Goiás.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

A INCIVILIDADE - ENTRAVE PARA ÉTICA NA POLÍTICA

Um dos assuntos recorrentes que ouvimos no cotidiano é o grito pela ética na política. Todos numa só comoçao e raiva clama por ética. Contudo, sou daqueles que não participo desse coro. Não creio na possibilidade de se construir uma ética na política sem considerar as práticas incivilizadas presente no comportamento social. Creio numa mudança ética nascido de um novo ethos social. Não se pode acreditar no exercício de uma política ilibada, imaculada, sem mancha e incorruptível sem levar em contra o aspecto cultural e educacional de um povo. Exigir uma política irretocável é mera crença mistíca e messiânica.
Assim sou daqueles não a ficar arredio e desencantado com esse discurso de ordem moralista que busca a auto expiacão na figura de Judas Escariotes. Sei que boa parte dos desvios de conduta social advém da vida costumeira. Por exemplo:
1) Que culpa tem o parlamentar quando alguém fura uma fila?
2) que culpa tem o Congresso Nacional quando um estudante plagia um trabalho acadêmico?
3) Que culpa tem o político quando os emergentes levam seus animais de estimação para defectar nas calcadas públicas?
4) que culpa tem o político quando um filhinho de papai, delinquente de luxo, quando usa o espaço público resolve quebrá-lo ou estragá-lo?
5) que culpa tem o político quando é multado no trânsito, tenta-se recorrer ao jeitinho brasileiro?
6) que culpa tem a Câmara dos Deputados quando um vizinho insiste em continuar com o barulho depois das 10hs?
7) que culpa tem a política quando deixa-se os carros em cima das calçadas e gramadas, como se fosse extensão da propriedade privada?
8) que culpa tem a política quando se usa notas frias para burlar o imposto, como forma e aumentar a restituiçao?
9) o excesso de exigência burocrática nas compras a prestacão é culpa do político ou da cárater do povo?
10) Os lixos jogados nas ruas vindos de carros importados e de luxo?
11) E o uso de carteira funcional em questões de interesses privados?

Enfim, poderíamos citar outras inúmeras situações que coloca o Brasil como um dos países mais incivilizados em termos de convívio social.
É prazeiroso chegar num país civilizados presenciar o respeito mútuo; o respeito com o bem comum; o respeito no trânsito; o respeito com as placas proibitivas.
Imaginemos se um empresário resolve abrir mão dos documentos pessoais na hora de uma compra a prestação e se confiasse apenas na palavra pessoal? o cano que levasse seria a culpa do política ou da cárater pessoal?
Longe de querer expressar um tom moralista, aqui estamos para advertimos que a questão da ética na política não passa pelo parlamento e sim pelo grau de consciência e civilidade de um povo.
Enquanto perdurar o desrespeito entre vizinhos e o espírito depretadório ao bem público, o grito pela ética na política se torna mera catarse e delírio.
As vozes da rua nem sempre reflete a coerência civilizatória e racional.
Como bem disse Nelson Rodrigues: "a unanimidade é burra". Diria mais é dirigista e sem conteúdo.
Até

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

MARX NÃO MORREU

Com o desmoramento do muro de Berlim, no final dos anos 80, a sociedade capitalista-cristã celebrou o fim do comunismo. Fukuyama escreveu um caducado livro intitulado "Fim da História", donde apregoava um novo tempo consolidado na lógica do mercado. A narrativa sobre a história de classe cessou. A midia empresarial, porta voz, do ideário capitalista, anunciava retumbantemente que Marx já e que agora, prevalecia o pensamento de consenso de Washington. Ou seja, um Estado mínimo e um mercado pleno, sem amarras e sem qualquer idéia de controle estatal. O Estado tornou-se o inimigo mortal do capitalismo. Celebrava-se o mercado. Estava instaurado o fetiche consumista. Globalizou-se o mercado sem globalizar o cidadão.
Na nova era mercantil o produto teve total supremacia sobre a vida humana. Enquanto o produto transitavam irrestritamente entre os países, o ser humano, principalmente pobre e negro, sofria total restrição no seu acesso a outros países. Europa se fechava contra os imigrantes, expulsando, humilhando e criminalizado o cidadáo imigrante que não tinha direito a usufruir da falsa era da globalização.
Foram quase duas décadas de neoliberalismo. A ordem não era mais pensar, só consumir e brincar de cidadão do mundo, circundado pelo guia turístico. O cidadão foi substituído pelo ser consumidor. Nesta ciranda do ópio, só o consumista tinha direito pleno.
Todos criam cegamente no mercado, no sistema financeiro e nos gurus neoliberais norteamericanos e europeus.
A mídia empresarial tratava de adornar o novo ambiente, o novo paraíso. A ordem era consumir e especular. Binômio fundamente deste novo cenário. Os consumistas deixaram de ser cidacãos conscientes e sujeitos da sua história. A ordem era viver o aqui e a o agora.
Dizia que a nova história se resume na idéia de história de individuos isolados no seu habit, mas interligados por um mundo virtual,
Finalmente, a bolsa caiu, o mercado sucumbiu na crise norteamericana recentemente. O Estado que outrora era problema, conforme a voz de Ronald Reagan e Margareth Tacher, tornou-se a salvação.
A palavra estatização demonizada pelos porta-vozes do neoliberalismo retoma com novas linguagens como forma de enganar o imaginário social. Todos querem salvar o sistema financeiro. O Estado se reapresenta de novo, a exemplo da depressãop de 1929, para salvar aquele que sempre o matratou e o desqualificou.
São bilhões ou trilhões de dinheiro público saindo dos bancos centrais de todos países tentando adotar um sistema de cotas para o sistema financeiro. Nunca antes da história da humanidade se gerou tanto dinheiro para salvar estes pobres mortais e incompetentes banqueiros e empresários.
Mais uma vez prevaleceu a máxima do capitalismo: "quando o empresário lucrou embolsa o dinheiro; quando há prejuízo socializa-se com estado e a sociedade.
Estamos vivendo exatamente este paradoxo: Governos estão pegando o dinheiro público da sociedade para adotar políticas afirmativas de soerguimento do sistema capitalista e seus ínfimos números de investidores.
Bom ser capitalista num sistema político. É bom ser capialista sem ter que viver com o risco ou comprovar mérito ou eficiência. Basta abrir um negócio que o Estado garante, protege e favorece.
Dito disto, podemos afirmar que para entender o atual momento faz-se necessário reler Karl Marx no seu livro de economia ou sinteticamente no "Manifesto Comunista". O atual cenário apenas confirma a visão histórica e materialista de Marx de que o capitalismo é um simulacro montado pela burguesia tentando passar a idéia de onipotente e autônomo. A luta de classe prevalceu mais uma vez: o governo prefere salvar banqueiros, as bolsas de Wall Street a que salvar milhares de vida em completa indigência. Eis um bom exemplo de história que reflete a máxima do nosso querido Marx: A história é um palco de constante conflito de classes. Apenas acrescentaria que neste conflito o Estado burguês sempre ficará do lando dos poderosos e dos aquinhoados. Espero que os filhotes de Consenso de Washington não me venha mais com esta de ter progresso humano e material basta ter mérito e eficiência! até

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

PRÁ QUE SERVE A OPINIÃO DO MACHO CASADO?

Legal encontrar uma pessoa que possamos conviver de forma comum. Isto se chama de casar ou união-estabilizar-se!
Legal mesmo é a fase que antecede a escolha do viver em comum, num mesmo teto. Antes, no namoro ou noivado, a fala e o jeito de ser do homem é levado em conta. Tudo é festa! O coitado conta a piada mais sem graça da mesa e sua amada ri compulsivamente.
Vale tudo! o homem fica engraçado ao lado da namorada ou noiva.Faz-se tudo em nome da conquista! Improvisa-se lazer, a saída noturna ou qualquer outra coisa fora do previsível.
Contudo, quando casa? pronto! tudo muda!Se contar a mesma piada, ela deixa de ser engraçada imediatamente. Ainda leva uma bronca:
- " que isto amor? que mico é este? Estamos juntos ou casados e não pega bem um pessoa da sua estirpe ficar caindo no ridículo uma piada dessa natureza totalmente sem graça".
Primeiro baque! a mesma piada escancaradamente engraçada, num toque de mágica conjugal, tornou-se sem graça.
Sabe aqueles gostos que o cara tinha antes do casamento? já era agora vale a voz feminina.Aquele CDs bregas que você comprou, tocava e ela curtia exageradamente? Agora, vai para lixo.A ordem é andar cadenciado ou à imagem e semelhança da mulher.
Ah! já tentou comprar um quadro de pintura por conta própria e colocá-lo na parede sem consultá-la? Experimente e verás o que vais lhe acontecer.
Quando se casa, o cara continua sem casa. Tudo como dantes nos tempos da casinha da mamãe.Enquanto que tu vais brincar de caçar na rua, mostrar que é macho de primeira linha, a sua irmã vai aprendendo a ter o monópolio da casa.- seus pais encute na sua cabeça de que casa é coisa de mulher, de mãe, esposa. E que o lugar do homem é ficar na rua o dia inteiro brincando de ser macho forte, garanhão e conquistador.
Assim, caminha o homem-macho acreditando que ao caçar a mulher será o senhor absoluto da sua vida, do seu corpo, da sua sexualidade e da moradia em comum.- Somos machos, mais porém oprimidos! Embarcarmos na doce fase do namoro sem dá conta de que estamos caminhando para um lugar que não nos pertence e não sabemos como administrá-lo.
Resultado! continuamos sem casa e sem direito de expressar a vontade e gosto. A sensação que se tem que a casa conjugal é um lugar de mera hospedagem.
Somos algo sem opinião na estrada das companheiras. Descubrimos que não sabemos nada de casa e da essência feminina.
Andar com a companheira ou esposa em loja torna-se uma atividade penosa, sofrida e martíria. Descobrimos que o nosso tempo é diferente delas. Isto quando sabemos como roda o tempo do universo feminino.
Descobrimos que ao irmos em qualquer loja, com as digníssimas, nossas opiniões têm pouco poder de persuação.
Elas perguntam: -" o que você acha desse produto?
Tentamos responder qualquer coisa que possa convencê-la a levar o tal produto. Resultado: não serviu de nada a nossa opinião.
Afinal, tenho uma grande curiosidade em perguntar as mulheres, indagando-lhes:
para que serve a companhia do homem numa loja com a sua grande amada?nossas opiniões serão levadas em conta?
Aliás, se um dia fosse magistrado da justiça iria colocar, como pena alternativa a um réu que cometeu um crime de menor potencialidade, andar com as mulheres durante um ano, como forma de punição.
Certamente o coitado ficaria curado diante de novas tentações delituosas.
Homens casados! machos oprimidos!Está na hora de promovermos a nossa reconstrução existencial e de gênero!É hora de aprendermos a dividir o poder na vida conjugal.A casa deve ser dividida. O nosso gosto deve ser levado em conta.- Temos que conquistar a confiança das mulheres, para que possamos assegurar os nossos gostos, vontades e preferencias na escolha das coisas que regem a vida doméstica numa vida conjugal.É hora de mudarmos esta história de monopólio do gosto feminina dentro da casa que julgamos ser dos dois!Para isto é necessário as seguintes mudanças de mentalidades:- temos que brincar de bonecas a exemplo das nossas irmãs. Fiquemos tranquilos, pois isto jamais vai provocar mudança do nosso sexo.- Temos que pedir aos nossos amigos e amigas que nos dêem casinhas de barbie ou de Hello Kitty. Brincar de arrumar aqueles brinquedinhos de casinha é um bom começo para reincorporamos a nossa masculinidade, outrora vilenpediada pela ideologia machista.- Bom seria se alguns deixassem de fazer o seu xixi-macho no tampos dos vasos. Podem sentar no trono e fazer tranquilo que ao sair do banheiro não sofrerá qualquer processo de metamorfose e matrix. Continuaremos homens.Ah! seria bom se alguns deixassem de coçar a região genitália como se tivesse uma doença incurável alojada nas coisas. É constrangedor para as companheiras.- Parar de cuspir na rua também contribuiria muito para sermos confiáveis.- Faça um curso de culinária, de pintura, de balé que ajudará em muito na busca da confiança plena por parte das mulheres. Além disto, serve para desenvolver a nossa sensibilidade masculina.Eis os primeiros passos a serem tomados para que possamos, finalmente, ter o direito de escolher coisas para serem colocadas na casa, sem risco de errarmos e no final ouvirmos aquela frase trêmula e introspecta: " não te disse".Confrontá-la com risco do "não te disse" ou reaprender a ser um ser masculino?Eis a questão! melhor pensarmos primeiro antes de encará-la ou de querer mostrar o lado troglodita que nos fora imposto pela nossa sagrada tradição: família, escola e igreja.O homem macho, tosco e anti-doméstico perdeu-se diante da mulher dos tempos do pós-feminismos.O tempo urge! É hora para criarmos o movimento pós-machistas.-

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

VIDA MODERNA! VIDA UNIFORMIZADA

Brasília é uma cidade extremamente programada. Aqui não há espaço para o imprevisível ou a surpresa. Não se anda com as pernas. Anda-se com o carro o tempo o tempo até o raiar do entardecer do Cerrado.
A forma arquitetônica contaminou o inconsciente coletivo. Andamos setorizados e quadrificados. Somos quadras ou setores. Não temos nomes nas ruas. Tudo se confunde! Até no cemitério temos a extensão da rotina. Lá se procura o túmulo de alguém através da nomeclatura "quadra".
Tudo é robotico! Tanto faz semana de trabalho quanto final de semana. Sabe-se naturalmente o que fazer a cada dia da semana.
Chama-me mais a atenção é a hora do lazer. Aqui tem um parque da cidade que parece um velório ou parada militar. Caminha-se nas pistas emudecidos ou olhares cabisbaixos com medo de receber um "bom dia". Um bom dia tornou-se um momento sofrível ou de pânico para muitos. Anda-se de roupas esportivas uniformizadas com uma expressão facial bélica. Todos de medo de todos e desconfiam-se da própria sombra.
Brasília é uma cidade fria onde os corpos humanos se perdem numa arquitetura meramente contemplativa e amorfa.
Brasília é uma agenda engessada e programada. Sem vida espontânea que se perde dentro dos carros circundantes que buscam encontrar um lugar diferente.
Ri em Brasília é sinônimo de drogado. A Risada escancarada torna-se suspeita. Todos, discretamente, lhe dada para saber qual a droga que tu usas? A risada desmedida provoca suspeição. A ordem unida candanga está acostumada com risada embutida e etiquetada.
Brasília é o lugar da neurose e do individualismo. Mora-se anos ao lado de alguém sem saber o seu nome. Brasília é terra do Nunca. Nunca deu certo e nunca os seus criadores moraram por aqui.
Brasília é semelhante ao Criador que criou o mundo e nunca mais apareceu por aqui.
Brasília é um purgatório que se resume a trabalho-shop e dormitório.
Tem um céu bonito contemplado por seres carrancudos. Tenho um cerrado onde todos confundem com mato imprestável. Explica-se portanto, o desmatamento desmedido e incontido. Tira-se a árvore torta para colocar uma árvore reta sem brisa. Aliás, o torto é subversivo e inquietante. Bonito é andar engomado nos ternos burocráticos.
Brasília é ternocrata. Todos usam os ternos para serem aceitos na ordem candanga unida.
Brasília não é uma ilha. A Ilha ainda tem o barulho do mar. Brasília é uma pilha de nervos compostas de uma maioria de pessoas dependentes de psicotrópicos e outra de drogas e bebidas alcólicas para suportarem otédio e a mediocridade dos emergentes e dos servidores públicos.
Brasília é o paradoxo da sua própria retórica e de seus ufanistas: ora é eixão da morte ora é eixão do lazer. Durante a semana mata-se o pedestre e no final, brinca-se com suas bicletas e patins na pista marcadas por corpos esfolados monstros de quatro rodas.
Enquanto náo se chega o tempo de aposentar melhor é continuar sonhando com aeroporto e a Br-40.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO? NEM PENSAR!

Um dos equívocos dos operadores do direito é acreditar que a democracia tem a sua segurança natural quando tutelada pelo direito. Um ex-ministro do STF, Maurício Corrêa cometeu a impropriedade de dizer que o Judiciário é guardião da democracia. Este pensamento é muito recorrente no senso comum jurídico. Ledo engano principiológico. Aliás o curso de direito padece de fragilidade filosófica e sociológica. Os livros e as aulas de direito, via de regra, são dogmáticos, fundamentalistas e tecnicistas. O curso é um curso desprovido de reflexão e de senso crítico.Dito isto, importa chamar atenção dos operadores do direito que a democracia só tem a sua devida legitimidade quando ela é tutelada pela sociedade. A superada e utopica idéia de que um poder controla o outro é mito do discurso liberal. A crença de que um Poder controla o outro é uma crença ideológica.A democracia tem várias facetas conceituais. No Brasil, constitucionalmente o modelo de democracia prefigurada nos direitos fundamentais é a democracia representativa. Significa que o controle social é o fundamento da própria lógica desta democracia.A democracia representativa é uma opcão do conjunto da sociedade. Nenhum poder estatal ou governamental tem a legitimidade para usurpar esta prerrogativa do povo. Por isso, é pura asneira o STF, STJ, TSE pretenderem ser tutores e messias do povo na sua escolha e na sua eticidade. A esses órgãos do Judiciário lhes faltam a legitimidade das urnas. Quem deve dizer qual a melhor escolha do candidato, em tempos de eleicões, deve ser a própria consciência do cidadão. Não cabe mais o dirigismo estatal, principalmente numa democracia representativa.O povo não necessita de uma fala profética, moralista e ideológica dos togados a exemplo da fala dos sacerdotes em suas estolas na Era das Trevas.A democracia é um exercício contínuo de cidadania. A cidadania é autonôma e não precisa ser dirigida pelos senhores da toga em seus templos jurídicos.A democracia é profana, multifacetária. O Judiciário é religioso e ritualístico e unifacetário. A democracia é libertária. O Judiciário é refratário. A democrácia é liberdade. O judiciário é coertivo. A democracia é subversiva. Por fim, a democracia é autogeradora e não necessita ser dirigida por um pressuposto Estado de direito. Ao contrário, temos consolidar uma democracia na perspectiva de um Estado voltado para a pessoa humana.O Judiciário é a extensão da religiosidade dominante. Já dizia Santo Agostinho: "Quando a religião flha, o direito é imprescindível a moral do povo." Daí, explica-se o porquê o Judiciário insiste em tutelar as nossas opções sociais, sexuais e costumeiras.XÔ SÃO-TANÁS: DEMOCRACIA NOS BRAÇOS DO JUDICIÁRIO JAMAIS!

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Qual a Diferença?

Questionam as cotas como se fossem uma coisa algo novo e revolucionário. Alguns falam: "isso é coisa de negro revanchista" ou de "pobre coitado". Alguns dizem: "isso náo é justo! É anti-democrático! Inconstitucional!
A Classe média histericamente grita: "Deve valer o mérito"! "É populismo ou fisiologismo".
Enfim, os gritos e protestos soam contra o sistema de cotas ou bolsa família sem se darem conta de olharem para os seus próprios umbigos.
É importante observar a tipologia e historicidade de quem se opóem. Via de regra são aqueles que de forma direta ou indireta beneficiarem de outra forma de incentivo governamental.
Vejamos para que os preconceituosos reflitam sobre o sistema de cotas e outras formas de políticas afirmativas dadas a outros setores:
- qual diferença entre o sistema de cotas para incentivo fiscal dados as empresas produtivas?
- qual a diferença entre sistema de cotas para isençao fiscal que é dado as empresas de comunicações de massa?
- qual a diferença entre sistema de cotas para bolsas do CNPq e Capes dadas aos alunos de pós-graduação?
- qual a diferença entre sistema de cotas para perdão tributos dados costumeiramente aos contribuintes?
- qual a diferença entre o sistema de cotas com a construção de imóveis funcionais dados aos servidores púlicos na ocasião da construção de Brasíli"?
- qual a diferença entre sistema de cotas para o apoio aos bancos quando quebram, seja no Brasil seja nos Estados Unidos?
- qual a diferença entre sistema de cotas e a estabilidade funcional concedida aos servidores públicos do Brasil?
Enfim, teríamos inúmeros exemplos de concessoes e incentivos dados a diversos segmentos da sociedade que nunca dantes fora exigidos o mérito, a eficiência e a competência.
Ah! não se deve esquecer que os imigrantes europeus no começo do século passado tiveram incentivos para aportarem nas terras do Sul e Sudeste, inclusive tendo o apoio do governo na reitrada dos indíos.